Edson Machado
Hoje, 28 de abril, é o Dia da Educação. E o que temos para comemorar?
Conhecido como um país do samba e carnaval, o Brasil traz em sua alma o peso da herança colonial e da escravidão. Talvez por isso, mesmo com alguns progressos nos últimos anos, o país ainda esteja longe de ser a Pátria Educadora que o governo destaca em seu slogan.
E para entender porque a educação nunca foi prioridade por aqui, basta olharmos para a história, que percebemos, por exemplo, que ao contrário das Américas Espanhola e Inglesa, que tiveram acesso ao ensino superior já no período colonial, o Brasil teve que esperar até o final do século XIX, 400 anos depois do seu descobrimento, para ver surgir as primeiras instituições culturais e científicas deste nível. A primeira universidade, a Universidade Federal do Amazonas – UFAM, só foi fundada em 1909. Depois, em 1912, surgiu a universidade no Estado do Paraná, mas que durou apenas três anos, e em 1920 a Universidade do Rio de Janeiro, hoje Universidade Federal do Rio de Janeiro, que reunia os cursos superiores da cidade: a Escola Politécnica, a Faculdade de Medicina e a Faculdade de Direito – que surgira a partir da fusão da Faculdade Livre de Direito e da Faculdade de Ciências Jurídicas e Sociais.
Esse atraso na educação teve sérias consequências, entre elas, o alto grau de analfabetismo, que embora esteja diminuindo, ainda temos 13 milhões de brasileiros que não sabem ler e escrever, segundo a última Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O número representa 8,7% da população acima de 15 anos e é maior do que a população inteira da cidade de São Paulo. Isso significa que é muito difícil que o Brasil cumpra o pacto internacional de reduzir pela metade o analfabetismo de adultos até o fim do ano. Além disso, apesar de pesquisas apontarem uma tendência de democratização do ensino superior nos últimos dez anos, os dados indicam que os estudantes brancos e a parcela mais rica da população ainda são maioria nas universidades do país.
No entanto, temos pontos positivos. De acordo com o Ministério da Educação (MEC), em 12 anos o Brasil teve crescimento de 80% no número de concluintes do Ensino Superior. Enquanto em 2002, apenas 466,2 mil alunos completaram as atividades de graduação em universidades públicas e privadas, em 2014 foram mais de 837,3 mil alunos. Para se ter uma ideia, entre 1995 e 2002, o País teve um total de 2,4 milhões de concluintes do Ensino Superior. Já com os programas de acesso à educação superior, como o Programa Universidade para Todos (ProUni), Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) e o Sistema de Seleção Unificada (Sisu), o número saltou para 9,2 milhões de graduados entre 2003 e 2014.
Com mais alunos se formando e mais investimentos no ensino superior, aumentou também o número de mestres, mestres profissionais e doutores no País. Entre 2002 e 2014, o número de titulados por ano mais que dobrou: foram 31,3 mil em 2002 e 66,9 mil no ano de 2014.
Estamos caminhando… quem sabe daqui mais 400 anos poderemos fazer uma festa de verdade para celebrar essa data tão importante para um país.